sábado, 29 de outubro de 2016

Touro Negro de Chifres Revirados

Num lugar montanhoso havia um touro caminhante.
Ele era negro e tinha chifres revirados.
O céu estava quase todo escuro, se não fosse a bela lua e suas milhares de amigas estrelas.
Esse cenário lhe trazia paz e o preferia para tomar decisões.
O touro gostava de subir montanhas, mas não gostava de descer pela mesma.
Então, toda vez que chegava ao topo se deparava com outras montanhas e sua unica maneira de sair dali era pulando de uma para outra.
O touro passava horas, dias, meses ou até mesmo anos decidindo para qual pular
Os medos eram vários: se iria chegar a montanha desejada, se iria cair no pulo e se machucar, se iria sobreviver as quedas...
Mas alguma decisão ele tinha que tomar, não poderia ficar ali parado.
Não suportava a monotonia do topo.
Montanhas vão, montanhas vem.
Quedas vão, quedas vem.
Machucões vão, machucões vem.
E touro está lá com cicatrizes.
Porém, mais forte.
Porém, mais livre.
Porém, mais vivo.
Os medos já não faziam seu papel direito e cada vez mais o touro queria subir no topo das montanhas, incansavelmente, e se jogar de uma para outra mesmo sem saber onde iria parar.
Não esperava nada.
Apenas pulava.
E assim levou sua vida inteira.
Pois, se agisse diferente não seria o touro negro caminhante de chifres revirados.



Intensidade I

A intensidade é como um viciado em jogar roleta.
Pagamos caro, mas sempre arriscamos.

Desejos

Talvez nossos desejos foram coisas tão boas que se realizaram num outro mundo
E que neste mundo são apenas desejos,
e que todos esses outros mundos estão conectados,
por isso temos desejos.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Monólogo no celular

Vou ficar falando sozinho mesmo e você vai ler tudo. Quero nem saber! Agora, não sei se devo escrever meu monólogo ou se na verdade já o estou fazendo. A necessidade de eu estar fazendo isso? Não sei. Talvez só queira chamar a sua atenção. O que mais poderia ser? Introspecção compartilhada. Acho que amo fazer isso. Eu nem lembro mais se você é uma pessoa profunda Ou se quer mostrar apenas seu lado raso Ou se está sem paciência Ou se um pouco de cada Ou se simplesmente nada do que pensei. Não que isso seja algo ruim. Mas toda vez que tentei uma conversa foi a mesma coisa: apenas o superficial. Me lembro de quase nada em relação a você. A única coisa que tenho certeza são das minhas dúvidas E essa maldita mania de querer matá-las incansavelmente. Poderia ficar aqui digitando a noite inteira. Eu definitivamente preciso fazer isso. Ia fazer isso no meu blog Mas por aqui está sendo mais espontâneo, mais de dentro, da essência, da alma. E de certa forma quero que você leia, pois meu blog não é divulgado para ninguém. Não sei se algo vai mudar pra você após a leitura Mas para mim vai, porque precisava escrever algo que não tivesse relação com a Universidade. Quando a pessoa tem uma angústia no peito, ela precisa pôr para fora de alguma maneira. Agora eu me sinto muito fodido. Não estou me colocando para baixo. Apenas analisando a realidade a fim de me entender. Tentando compreender o que me leva a fazer estas coisas: Escrever tudo isso achando que no fundo você vai se importar. Por que eu quero que você se importe comigo? É exatamente essa dúvida que me mata. Esse foi claramente o monólogo mais humilhante de que participei. Por que as pessoas chegam a esse ponto? Não devo ser o único a passar por isso. Acredito que não estou sozinho nessa. Sei que falar alivia. No caso, digitar. Então, na profundidade do fundo, talvez eu seja só egoísta mesmo. Adeus. Adeus não! Porque eu sou assim mesmo. Quero escrever mais. É! Minha cabeça é assim mesmo, não para. Quando acho que acabou, não acabou. Parece que tudo que digo sai da minha boca ao contrário, do avesso. Eu tenho que ficar calado?